domingo, 10 de junho de 2018

De uma varanda para o mundo - APRESENTAÇÃO


De uma varanda para o mundo
(texto de apresentação da exposição)

        Uma simples varanda pode ser uma plataforma de partida para o mundo. Em cima de uma varanda olha-se o horizonte com diversos contornos e alguns aproximam-se do infinito. De uma varanda emergem olhares ambiciosos e famintos de mundo, que nos fazem sonhar. Sentimo-nos grandes, porque somos do tamanho do que vemos (*)
        Arquitetonicamente, a varanda define-se normalmente como plataforma saliente da fachada de um edifício rodeado de uma grade ou balaustrada, mas é sem dúvida um lugar onde a poesia se pode encontrar com a arquitetura.
        Na região de Vila Real, rica em edifícios barrocos, a varanda destaca-se e assume, por vezes, a exuberância que queremos valorizar e partilhar neste ano 2018, Ano Europeu do Património Cultural.
        A varanda constituiu-se como elemento congregador de aprendizagens do Agrupamento de Escolas Morgado de Mateus, tendo como ponto de partida o trabalho pedagógico do grupo de Educação Visual e que se alargou a todo o agrupamento, com matizes multidisciplinares. 


        Evocaram-se os Descobrimentos na pessoa de Fernão de Magalhães. Estabeleceram-se referências com Miguel Torga, Sophia de Mello Breyner, Garcia Lorca, Shakespeare, Alberto Caeiro, Clarice Lispector, Carlos Drummond de Andrade e José Luís Tinoco. Diversificaram-se olhares estéticos com   Paulo Ossião, Nicolau Nasoni, Maluda, Gracinda Marques e Manuel Cargaleiro. Adicionaram-se as formas às palavras, numa alquimia duriense com cenário de fundo no nosso imaginário próximo, o maior exemplo português do património cultural construído: as encostas do Douro – varandas em socalcos, desenhadas com suor, sofrimento e resiliência humana, ao longo das vertentes sinuosas, sempre diferentes, do rio Douro.
        Esta mostra não é um concurso, não interessa saber quem é o melhor ou o pior. É essencialmente um desafio estético proposto à comunidade escolar, e a resposta é positiva, resultado de diversos caminhos percorridos, com diferentes expressões, assinalando com dignidade o património deste nosso Reino Maravilhoso. Representa um trabalho coletivo, que se desvenda no sítio certo para ser degustado.

Anabela Quelhas


(*) (...) Porque eu sou do tamanho do que vejo (…), Alberto Caeiro, in "O Guardador de Rebanhos - Poema VII"
Revisão de texto: Alice Fernandes

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