De uma varanda para o
mundo
(texto de apresentação da exposição)
Uma simples
varanda pode ser uma plataforma de partida para o mundo. Em cima de uma varanda
olha-se o horizonte com diversos contornos e alguns aproximam-se do infinito.
De uma varanda emergem olhares ambiciosos e famintos de mundo, que nos fazem
sonhar. Sentimo-nos grandes, porque somos
do tamanho do que vemos (*)
Arquitetonicamente,
a varanda define-se normalmente como plataforma saliente da fachada de um
edifício rodeado de uma grade ou balaustrada, mas é sem dúvida um lugar onde a
poesia se pode encontrar com a arquitetura.
Na região de
Vila Real, rica em edifícios barrocos, a varanda destaca-se e assume, por vezes,
a exuberância que queremos valorizar e partilhar neste ano 2018, Ano Europeu do
Património Cultural.
A varanda constituiu-se
como elemento congregador de aprendizagens do Agrupamento de Escolas Morgado de
Mateus, tendo como ponto de partida o trabalho pedagógico do grupo de Educação
Visual e que se alargou a todo o agrupamento, com matizes
multidisciplinares.
Evocaram-se os
Descobrimentos na pessoa de Fernão de Magalhães. Estabeleceram-se referências
com Miguel Torga, Sophia de Mello Breyner, Garcia Lorca, Shakespeare, Alberto
Caeiro, Clarice Lispector, Carlos Drummond de Andrade e José Luís Tinoco.
Diversificaram-se olhares estéticos com Paulo Ossião, Nicolau Nasoni, Maluda, Gracinda
Marques e Manuel Cargaleiro. Adicionaram-se as formas às palavras, numa
alquimia duriense com cenário de fundo no nosso imaginário próximo, o maior exemplo
português do património cultural construído: as encostas do Douro – varandas em
socalcos, desenhadas com suor, sofrimento e resiliência humana, ao longo das
vertentes sinuosas, sempre diferentes, do rio Douro.
Esta mostra não
é um concurso, não interessa saber quem é o melhor ou o pior. É essencialmente
um desafio estético proposto à comunidade escolar, e a resposta é positiva,
resultado de diversos caminhos percorridos, com diferentes expressões,
assinalando com dignidade o património deste nosso Reino Maravilhoso. Representa
um trabalho coletivo, que se desvenda no sítio certo para ser degustado.
Anabela Quelhas
(*) (...)
Porque eu sou do tamanho do que vejo (…), Alberto
Caeiro, in "O Guardador de Rebanhos - Poema VII"
Revisão de texto: Alice Fernandes
Sem comentários:
Enviar um comentário